Guerreiro Dos Sonhos

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Capítulo Sete

Elsie dirigiu através dos portões do Cemitério Mt. Pleasant, com Cailyn, para visitar Dalton. Era o aniversário de casamento dos dois, e ela precisava estar perto dele. Naquele dia, era o segundo aniversário que ela passava sem ele, e seu mundo doía. Depois do sonho erótico com Zander na noite anterior, ela ficou atormentada pela culpa. E não importava que não fosse real, ela havia traído Dalton.

Ela olhou, através do para-brisa, para a bela paisagem. Mt. Pleasant tinha dezoito hectares, e estava localizado no alto de uma colina, no meio do histórico distrito de Queen Anne, em Seattle. É o lar da maior variedade de árvores centenárias em um cemitério da costa oeste. A dispersão de lápides, intercaladas com as árvores, criava uma atmosfera calma e pacífica, embora fosse um lugar cheio de morte.

Ela estacionou na via perto do túmulo de Dalton. Durante todos aqueles meses, ela havia sido guiada como se por uma mão invisível para aquele local específico. Anjos de pedra encimavam as lápides de mármore. Cada anjo enorme tinha asas negras estendidas e se posicionavam de sentinela na entrada daquele setor específico do cemitério. Ela saiu do carro e esperou pela irmã. Pegou as flores de Cailyn e atravessou o gramado extenso.

Ela traçou os dedos em uma das belas asas pretas do anjo de Dalton. Arrepios percorreram sua pele. Havia energia contida sob a pedra. Não conseguia explicar ou descrever o que sentia, mas sua irmã concordava. Nenhuma das duas entendia por que certos objetos pareciam diferentes para elas, mas elas aprenderam desde cedo a guardar segredo sobre suas habilidades e experiências estranhas. Ela afastou o pensamento. O anjo de Dalton estava entre esses protetores poderosos.

— Amo essas lápides. A primeira vez que as vi, elas falaram comigo. Faziam-me lembrar de Dalton e de como ele era. E que, por fim, deu sua vida por aquelas crianças. — Seu abismo negro pulsava dolorosamente no peito. Sentia tanto a falta dele, e tudo havia ficado pior naquele dia, porque ela o havia traído.

Ela se ajoelhou na grama úmida, sobre o túmulo de Dalton. Pegou as flores e as colocou em seu vaso.

— Eu amo você, D. Sinto tanto a sua falta. Consegui designar novos detetives para o seu caso. Eles me disseram que Jag fez isso com você e que ele está morto agora… — ela parou e deixou as lágrimas rolarem.

A irmã se agachou ao seu lado e afastou os fios de cabelo de seu rosto, que haviam escapado do rabo de cavalo, e entregou-lhe um lenço de papel. Ela enxugou os olhos. Cailyn sempre cuidava dela. O que derretia um pouco do gelo de seu coração. Era sua irmã, aquela que ela procurava quando era chamada de “aberração” e provocada na escola. Quando o primeiro namorado de Elsie a largou, elas dividiram um galão de sorvete de chocolate.

— Sinto muito que você esteja passando por isso. Gostaria de poder aliviar sua dor — murmurou Cailyn.

Elsie passou o braço em volta de Cailyn e a abraçou com força.

— Amo você, mana. Obrigada por estar aqui por minha causa.

— Eu não estaria em nenhum outro lugar. Somos tudo o que temos agora. — Elas ficaram sentadas daquele jeito, uma com um braço em volta da outra, em silêncio, por algum tempo. Seu braço caiu para o lado quando Cailyn se agachou, fazendo barulhos de beijos.

— Venha aqui, gatinho, gatinho — sussurrou a irmã. Elsie olhou e percebeu um lindo gato branco se aproximando do túmulo de Dalton. O animal era totalmente branco, exceto por uma mancha preta em uma de suas patas dianteiras. Elas riram quando ele rolou e expôs a barriga para chamar atenção.

Enquanto acariciavam o gato, ela percebeu o que lhe parecia familiar nele.

— Olhe para os olhos deste gato. A intensa cor verde me lembra os olhos de Orlando. — Pegando o gato, ela acariciou o pelo macio. O gato se enroscou em seu peito, ronronando alto.

— Esse carinha não tem coleira, fico me perguntando a quem ele pertence. Não parece desnutrido nem nada — especulou Cailyn, enquanto estendia a mão e acariciava a cabeça do gato.

Ambas examinaram os arredores, procurando o dono dele. Não havia ninguém ali. Era um gato sem lar? Ela nunca havia visto isso no cemitério. Infelizmente, tinha coisas para fazer e não teria tempo de investigar, então ela o colocou no chão com um tapinha final em sua cabeça.

Ela se levantou e observou o gato correr para um grupo de árvores na periferia dos túmulos. Ela se virou para a irmã e piscou, afastando as lágrimas que brotavam de seus olhos.

— Por mais que eu não queira que você vá, é melhor levá-la ao aeroporto.

A irmã enxugou o rosto dela com os polegares.

— Ei, nada disso. Estarei de volta em alguns meses, para a sua formatura.

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* * *

O dia que Zander havia esperado durante toda a sua vida finalmente chegara, mas não lhe trouxe paz. Estava enlouquecendo. Imagens do sonho com Elsie o torturavam implacavelmente.

Sua conexão com ela crescia a cada minuto, e, através desse vínculo, ele sentia o conflito dela. Ela mudava de humor, de dor e tristeza para culpa e vergonha, e vice-versa, em uma velocidade estonteante. Ele presumiu que Elsie sofria com a paixão que não apenas acolheu, mas que havia instigado no sonho.

O dia em que descobriu sua Companheira Predestinada era para ser comemorado. Especialmente considerando que havia ocorrido uma maldição sobre acasalamentos no reino por sete séculos.

Zander havia recebido a maior bênção do reino, mas não haveria festas, nenhum grande anúncio ou celebração. A Deusa não havia abençoado uma única alma com seu Companheiro Predestinado por setecentos e quinze anos. Era uma grande notícia e ele desejava dividi-la com seus súditos e lhes dar a esperança que tanto desejavam. O Destino o estava punindo.

Ele havia recebido uma humana como companheira e estava honrado, mas também preocupado com a vulnerabilidade e fragilidade dela. E então havia o fato de que sua companheira estava envolvida com um grupo de vigilantes que odiava o que ela acreditava ser a espécie dele. A cereja do bolo era que seus inimigos mataram o marido dela e ela se recusava a sequer cogitar a ideia de um relacionamento romântico com alguém.

A frustração atingiu Zander. Odiava não saber de nada, mas estava preso por causa do sol. Incapaz de tolerar mais, enviou Orlando para o apartamento de sua companheira.

O guerreiro o informou que seguiu Elsie e sua irmã até o túmulo do falecido marido. Isso explicava a dor dela. Zander ordenou que Orlando se transformasse e ficasse perto dela. Agora, ele estava andando em seus aposentos, esperando por notícias. Quando seus nervos em frangalhos estavam prontos para explodir, o celular tocou.

Ele o pegou da mesinha de centro e deslizou o dedo pela tela para atender a chamada de Orlando.

— Onde ela está agora? O que está acontecendo? Ela está bem? Ela precisa de alguma coisa? — A respiração dele estava entrecortada de ansiedade. Outra emoção que nunca havia experimentado antes da véspera. As últimas vinte e quatro horas provaram ser uma montanha-russa de emoções variadas. Era emocionante.

— Amo, ela está bem. Ela simplesmente deixou a irmã no aeroporto. Fale comigo. Não entendo porque você está tão ligado nesta humana. Claro, precisamos controlar os SOVA. No entanto, parece que há algo mais — disse Orlando.

Pelo telefone, Zander ouviu a agitação do aeroporto. Respirou fundo. Notícias sobre sua Companheira Predestinada não era algo que desejava compartilhar por telefone.

— Volte para Zeum. Estou convocando uma reunião daqui a trinta minutos e preciso de todos aqui.

Ele poderia não ser capaz de contar ao reino, mas precisava informar seus irmãos e guerreiros. Precisaria da ajuda deles para manter sua companheira segura até que eles se acasalassem. Qualquer apreensão que tivesse sobre o legado e o passatempo questionável dela, ele iria acasalar com ela. Ela carregava parte de sua alma como ele carregava parte da dela e finalmente ele estaria completo. E, se a Deusa quisesse, ele seria capaz de conquistar seu coração.

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* * *

Elsie observou a irmã correr pelas portas automáticas do terminal sudoeste no Sea-Tac1. Já sentia falta de Cailyn, mas jurou que não ligaria para a irmã mais de uma vez por dia. Tentada a pedir que Cailyn voltasse, Elsie balançou a cabeça e lembrou a si mesma que não ligaria para sua irmã antes de sua formatura em junho.

Elsie já havia sido um fardo para Cailyn por muito tempo. Sua dor não era algo que ela dividia com Mack ou com os outros dos SOVA. Com eles, ela dividia o vínculo de sobreviver a um ataque de vampiro, mas a dor da perda pertencia apenas a Elsie.

Assuma que é crescidinha e faça o que precisa ser feito, disse a si mesma. Olhou por cima do ombro e sinalizou que ia sair do acostamento. Um homem em um utilitário não estava prestando atenção e cortou a pista ao mesmo tempo, quase batendo nela. Ela pisou no freio e desviou. Sua mão apertou a buzina, que soou, enquanto Elsie amaldiçoava o homem que continuava como se ela não existisse. O carro dela estremeceu quando ela pisou no acelerador.

— Não, não, não, seu desgraçado — praguejou, dando um suspiro de alívio quando o ferro-velho ganhou velocidade ao invés de morrer na estrada. Um problema evitado.

O fato a levou para o desastre que havia criado em seus sonhos. Talvez fosse um pouco dramático, mas sentia culpa e vergonha por seus desejos. Não era idiota. Aquilo era obra de seu subconsciente trabalhando, agindo de acordo com o que seu corpo começou a desejar no momento em que pôs os olhos em Zander.

 

Não havia como negar que sentia conexão com ele. A conversa dos dois fluía facilmente e ele era um grande ouvinte. Não era apenas o desejo intenso. Zander era um amigo agora. Na verdade, ela se abriu com ele e Orlando, de um modo que só havia feito com Dalton e Cailyn. Um amigo com algumas vantagens, ronronou seu demônio sexual interior. Seu abismo negro criou garras e perfurou sua parede torácica. Ela estava um desastre.

Capítulo Oito

Zander se afastou dos mapas sobre os quais se debruçava quando seus guerreiros se juntaram a ele na sala de guerra. Ele os olhou, enquanto cada um se sentava na grande mesa de conferência de madeira. Estavam vestidos com seu típico traje em couro preto, da cabeça aos pés. Cada um exalava uma aura mortal, que poderia esmagar qualquer ser sob suas botas de combate antes que este soubesse o que o atingiu. A determinação enrijecia os guerreiros. Eles queriam fazer o seu trabalho e eliminar o risco para o reino. Uma tarefa muito mais complicada agora do que antes.

Indo direto ao assunto, Zander tirou a camisa e voltou as costas para eles. Desde que sua marca de companheira havia aparecido, havia sido apenas algo um pouco irritante nas costas. Esse desconforto só aumentou desde seu sonho com Elsie. Ele se perguntou o motivo, e procurou em alguns documentos do reino que Killian tinha carregado em seu site protegido. Foi chocante saber que a marca se tornaria cada vez mais dolorosa quanto mais o acasalamento demorasse. Ele sabia que sua companheira não estava em posição de consumar a união, e ele estava preparado para lidar com a dor. Ficava feliz em suportar a dor. Havia encontrado sua Companheira Predestinada e, por fim, sua alma estaria completa.

A reação à sua revelação foi instantânea e caótica, com todos falando uns com os outros. O suspiro de sua irmã atraiu sua atenção.

— Sua marca é tão linda. Dói? Os vergões vermelhos e intensos parecem desconfortáveis.

Zander pensou sobre a dor que o atingiu no momento do clímax.

— Foi doloroso, mas apenas por um momento. Agora é um feliz lembrete do quanto sou afortunado.

Bhric se levantou, aproximou-se dele e estendeu a mão, dando-lhe um tapa nas costas, perto da marca de acasalamento.

— Não consigo acreditar que a Deusa nos concedeu a primeira Companheira Predestinada em mais de setecentos anos. É um novo começo para o reino. Diga-me, irmão, quem é a sortuda?

Zander se virou e olhou para a sala.

— A fêmea humana, Elsie Hayes. — O queixo de Orlando caiu e a raiva cruzou seu rosto antes que o guerreiro ocultasse sua reação. Interessante.

— Quando você se deitou com ela? — falou Orlando, cerrando os dentes.

Zander sustentou o olhar dele.

— Bem, cuidado. Não se esqueça de com quem está falando. Eu os chamei aqui para lhes contar e pedir sua ajuda para mantê-la segura. A situação é complicada. Ela não tem consciência do que é para mim.

— Fico mais do que feliz em manter minha nova irmã a salvo — respondeu Breslin, movimentando os dedos e fazendo com que chamas explodissem de suas pontas. Ainda tão inspirador quanto havia sido, quando ela tinha três anos de idade. Como se fosse ontem, Zander se lembrou de como Kyran ergueu em seus braços uma Breslin em lágrimas, enquanto outras bênçãos eram derramadas sobre a pira funerária de seus pais. Chocando a todos, Breslin estendeu a mão rechonchuda de três anos e invocou uma chama para a sua palma. Ela jogou as chamas nos corpos tão amorosamente arranjados, surpreendendo a todos com seu poder e controle em tão tenra idade.

Santiago grunhiu sua aprovação enquanto colocava o pente de munição de volta em sua Glock e entrava na conversa.

— Vou ajudá-lo com isso também. Se os rumores forem verdadeiros, as escaramuças serão capazes de ver a marca dela quando ela for patrulhá-las. A marca a distinguirá dos outros humanos.

— Não vi nada de diferente nela. Talvez seja Lena, amo. Você não estava com ela? — perguntou Orlando.

— Você está andando em uma linha perigosa, shifter — avisou Zander. — Elsie carrega minha marca, clara como o dia para qualquer sobrenatural. E os rumores são verdadeiros. É uma marca iridescente, abaixo de sua orelha esquerda. As escaramuças vão ver, sem dúvida.

Kyran esfregou a mão no rosto.

— Ainda estou em choque por saber que as bênçãos da Companheira Predestinada começaram de novo.

Gerrick saltou da cadeira, fazendo-a cair no chão com um estrondo. Zander olhou para o guerreiro e notou suas mãos cerradas em punhos ao lado do corpo, a raiva que escurecia seus os olhos e o peito arfando.

— A companheira de Zander não é a primeira. Houve outra! — rugiu ele.

Zander ficou boquiaberto com a explosão de Gerrick. Do que ele estava falando? Não houve companheiros por mais de sete séculos. Como rei dos vampiros, ele teria sabido se houvesse.

— De que diabos está falando? Explique, agora.

A sala ficou em silêncio enquanto todos observavam Gerrick abrir e fechar os punhos ao lado do corpo. Era óbvio que o guerreiro se esforçava para enfrentar as palavras que escaparam de seus lábios. Zander estava incrédulo. Foi difícil ficar quieto enquanto Gerrick procurava como falar. Perguntas e cenários passavam por sua mente, mas ele se recusou a dar-lhes voz. Todo o reino havia se tornado tão amargo e irritado com a falta de companheiros que, depois de trezentos anos, a maioria tinha identificado essa falta como “A Maldição do Acasalamento”. Não parecia plausível para Zander que tivesse havido companheiros anteriormente.

Por mais que desejasse inúmeras vezes que as bênçãos fossem retomadas ao longo dos séculos, isso não aconteceu e sua população sofreu. A maioria dos sobrenaturais só se tornava fértil depois de fazer sexo com seu companheiro. Cada espécie sofreu mudanças com o acasalamento. Para Zander, como vampiro, seus orgasmos se estendiam por vários minutos após a relação sexual com sua Companheira Predestinada.

Ele estremeceu quando percebeu que havia passado por essa mudança após compartilhar o sexo dos sonhos com sua companheira. E, pela Deusa, como o orgasmo prolongado levou, não só ele, mas também a sua companheira, a novas alturas. Desviando seus pensamentos do que certamente faria seus testículos doerem mais, ele considerou um cenário maior. Sem companheiros, essas mudanças não ocorriam, deixando a maior parte do reino incompleto e infértil. Por consequência, diminuiu a taxa de natalidade do reino.

Suas ruminações silenciosas se desviaram no momento em que Gerrick quebrou o silêncio.

— Encontrei minha companheira há quatrocentos anos. Minha família se mudou de Londres para Draffen, e conheci Evanna lá. Ela era uma visão, com seus longos cabelos loiros sedosos, rosto claro e olhos verdes. Apaixonei-me imediatamente. Só pensava em Evanna. Escapávamos para o lago em todas as oportunidades que tínhamos e passávamos todos os momentos livres juntos. Ela era uma feiticeira incrível e me ensinou muitos feitiços. Também ajudou-me a controlar melhor minha capacidade de viajar no tempo. Quando demos nosso primeiro beijo, tudo aconteceu rapidamente e logo ela estava sem seu espartilho e combinação…

Gerrick ficou em silêncio por vários momentos e finalmente encontrou o olhar de Zander. Zander foi quase nocauteado com a dor que viu naqueles olhos azul-gelo. Esperava nunca experimentar o que quer que Gerrick tivesse sofrido.

— Não me lembro da dor, mas depois ela mostrou nossas marcas. Ficamos apavorados e mantivemos isso em segredo por muitas semanas. O reino havia começado a falar a respeito de uma maldição de acasalamento e eu temia que Evanna fosse tirada de mim. — O olhar do guerreiro assumiu um ar distante enquanto ele se lembrava daquele momento terrível de sua vida. — Quinze dias depois de saber que éramos companheiros, meu maior medo se tornou realidade. Era um dia quente de primavera, e eu estivera trabalhando por horas com meus pais, fazendo algumas tarefas, ansioso para chegar até minha Evanna. No momento em que a encontrei, ela e toda a sua família haviam sido mortas pelas escaramuças desordeiras. — Zander entreviu a angústia no tom de voz de Gerrick.

Era impossível ignorar os próprios medos de Zander de perder sua companheira antes de consumar o acasalamento. Ele ansiava por abraçar sua companheira e ter sua alma completa. Não queria se tornar o homem vazio e atormentado que via diante dele.

— Através de uma névoa vermelha de raiva, invoquei meu poder e fui capaz de viajar mais para trás no tempo… mas não o suficiente para salvar Evanna. Ela já havia partido quando cheguei. Tentei impedir o massacre de seu pai. Naquele dia, descobri que minhas viagens se limitavam a uma. Também aprendi que há um preço a pagar quando se viaja no tempo. Além de ter que conviver com a perda de minha companheira, fiquei permanentemente desfigurado. A alma dela me atormenta diariamente. — Gerrick bateu o punho contra o peito enquanto uma lágrima escorria do canto do olho.

Zander estava totalmente sem palavras. O que Gerrick havia dito não parecia possível, mas não havia como negar que ele dizia a verdade. Queria ir até a Deusa para obter as respostas que ele e Gerrick mereciam. Tantas perguntas o incomodavam, mas a mais urgente era por que ela faria uma coisa dessas com os companheiros. Por que fazê-los sofrer tanto?

Ele sustentou o olhar solene de Gerrick.

— Não sei o que lhe dizer. Desculpe-me por não ter descoberto. Antes de encontrar minha Elsie, não teria entendido as sombras em seus olhos. Agora, posso entender completamente o mal que essa perda deve ter lhe causado. O pensamento de perder Elsie ou de nunca tê-la despedaça meu coração.

— Eu lhe juro que farei tudo que estiver ao meu alcance para proteger Elsie. E qualquer outro companheiro de se machucar — prometeu Gerrick.

Ele admirou a força que foi necessária para que Gerrick continuasse com tanta determinação, após uma perda tão grande. Não achou que fosse capaz.

— Obrigado.

Cada um dos guerreiros e seus irmãos ofereceram sua proteção, bem como juraram buscar vingança pelo que Elsie havia sofrido. A Deusa havia dado Elsie para Zander. E também deu ao reino uma rainha. Uma rainha que eles já haviam abraçado. Elsie representava um ponto de virada para eles, simbolizava esperança para eles.

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* * *

Saindo de sua mente, Zander olhou para o relógio pela milionésima vez. Já passava das sete da noite. Certamente, Orlando já teria descansado o suficiente àquela altura. Assim que Zander concluiu a reunião da tarde, o guerreiro pediu algumas horas para descansar, já que fazia alguns dias desde a última vez em que dormira. Zander aproveitou, depois do pôr do sol, para sair e fazer algumas coisas.

Olhou para o relógio novamente. Fazia mais de três horas. A angústia de Elsie o estava enlouquecendo. Orlando era um shifter imortal e um Guerreiro das Trevas, já era o bastante aquele cochilo. Ele precisava ver como ela estava e não confiava em si mesmo para ir sozinho até ela.

Colocando suas armas ocultáveis, ele saiu correndo de seus aposentos e invadiu os de Orlando.

— Levante-se! Devo ir até ela! A angústia dela está me matando. Preciso vê-la e você vai comigo.

— Mas que diabos, amo! Pedi algumas horas para dormir — resmungou Orlando, enquanto se sentava e esfregava os olhos.

— Você teve três horas. Levante-se! Não consigo ouvir exatamente o que ela pensa com tanto espaço entre nós, mas tenho certeza de que planeja sair em patrulha esta noite. Precisamos intervir.

— Com todo o respeito, ir até lá agora seria uma má ideia — disse Orlando.

Zander olhou para o guerreiro, pronto para arrastá-lo, chutando e gritando, se fosse necessário.

— Mas — Orlando se apressou em continuar — posso ver que você não vai ouvir, então me dê cinco minutos. Certamente não preciso do meu sono reparador de beleza, visto que já sou diabolicamente bonito. — Orlando afastou seu edredom e se espreguiçou, esticando-se em seus um metro e oitenta e cinco de altura.

Que diabos o homem fez consigo mesmo?

— Que diabos, nos Nove Círculos do Inferno1, aconteceu com seus pelos? Isso não está certo. Droga, você não parece um homem adulto, parece que não passou da adolescência.

Zander se esforçou para entender por que um homem rasparia seus testículos daquela maneira. Quando jovem, ele mal podia esperar para ser um homem adulto em todos os sentidos. E, com certeza, nunca teve o desejo de fazer qualquer parte de seu corpo se parecer com a de um rapaz.

 

— Vou lhe contar um segredo. Depilação masculina. As fêmeas adoram.

Ele parecia um homem ridículo e estúpido. Balançando a cabeça, Zander jogou as roupas para o guerreiro.

— Você tem muito que aprender, rapaz. Quero sair, descer em dois minutos — falou Zander, olhando por cima do ombro antes de descer as escadas.

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* * *

Elsie examinou os arredores enquanto observava Mackendra estacionar sua motocicleta junto ao meio-fio. Ao tirar o capacete, Elsie se lembrou de quando Mack a havia encontrado. Foi logo depois que Dalton havia sido assassinado e Mack a viu no noticiário. Ela não ouvira a mulher até que ela abaixou a gola de sua camiseta cinza-carvão, revelando várias marcas de mordidas horríveis.

Elsie ficou destruída pela visão dos ferimentos no pescoço e no braço de Mackendra. A tatuagem começava no lado direito do pescoço e descia até o comprimento do braço direito. Um tubarão-branco, com suas mandíbulas largas e pingando sangue, havia sido tatuado perto de uma lesão no bíceps. Ela não conseguiu falar, enquanto brincava de “Onde está Wally”, tentando encontrar as cicatrizes entre os desenhos intrincados.

Os olhos cor de uísque de Mack podiam ser determinados, mas possuíam mais compaixão e compreensão do que Elsie vira em qualquer pessoa. Ela possuía uma beleza clássica, com seu cabelo preto, curto e espetado, rosto redondo e pele morena.

— Olá, Elsie. Como foi a visita de sua irmã? — chamou Mack, trazendo-a de volta ao presente. Ela voltou a prestar atenção, bem no momento em que Mackendra abria o zíper de sua jaqueta de couro, revelando uma camiseta que dizia “é ironia, sua vadia idiota”. A mulher normalmente usava camisetas sarcásticas que chamavam ainda mais atenção para seus seios grandes e fartos.

Por que parecia que todo mundo tinha seios maiores do que Elsie? Provavelmente, porque tinha. Suspiros. E Mack era linda. A manga de tatuagem a tornava selvagem, mas também aumentava sua beleza.

— A visita foi muito curta, mas boa. Sempre odeio vê-la partir. Vamos? — perguntou Elsie, enquanto apontava para o parque tranquilo. Havia se passado mais ou menos uma hora desde o crepúsculo, e a maioria das pessoas estava em casa jantando com suas famílias.

Elas caminharam e conversaram sobre o que Elsie havia perdido enquanto sua irmã estava na cidade. Aparentemente, as coisas estavam agitadas. Mack havia matado dois vampiros. Parecia que havia mais vampiros ultimamente.

— Ei, eu queria lhe perguntar se você já ouviu falar de um vampiro que não se transforma em pó quando morre — perguntou Elsie a Mack enquanto se afastavam.

— Pelo que sei, todos os vampiros se transformam em pó quando são esfaqueados no coração. Por quê?

— Bem, os novos detetives designados para o caso de Dalton disseram que encontraram o garoto responsável em uma lixeira, sem o coração.

— Isso não faz sentido. Ele tinha presas? Eles mencionaram se os olhos tinham aquele anel cor de carvão?

— Eles disseram que ele tinha presas falsas, mas é claro que não faziam ideia de que eram reais. Nunca mencionaram… — Elsie se interrompeu quando deram de cara com dois vampiros.

— Oh, olhe, Paul, jantar. E esta aqui está marcada. Talvez pertença a um Guerreiro das Trevas — disse um, apontando para Elsie.

O outro vampiro fez um comentário que Elsie não entendeu, enquanto refletia sobre o que ele estava falando. Mack tinha muitas tatuagens e ela não tinha nenhuma. Nenhuma das duas pertencia a ninguém. Bem, Elsie sempre pertenceria a Dalton, mas ele estava morto graças a um vampiro. Seus pensamentos foram interrompidos quando o par atacou.

Elsie puxou a faca da bota e caiu no chão, rolando para longe daquele que vinha em sua direção. Ela passou a mão para trás, tentando cortar as pernas dele e errou.

Ela se levantou de um salto e eles andaram em círculos, um na frente do outro. Ele avançou e ela não viu o punho dele até que ele pousou em seu rosto. A dor explodiu imediatamente e sua visão turvou por alguns segundos. Instintivamente, ela se abaixou e se esquivou de mais golpes que ele lhe direcionou. Sua visão clareou e ela voltou para a luta com vontade. Permitiu que a raiva percorresse suas veias quando percebeu que teria um hematoma enorme.

Ela dançou ao redor dele, atacando em todas as oportunidades, mas, depois de vários minutos, ela estava cansada e ele acertava cada golpe. Sua costela doía. Ofegante, ela teria que se aproximar ou corria o risco de ficar sem energia. Ela se virou e ele passou os braços em volta dela, apertando-a com força sobrenatural. Ela ouviu Mack xingando seu oponente, mas não conseguiu responder, pois não conseguia respirar. Agora, suas costelas doíam por um motivo totalmente diferente, ela só esperava que não tivesse alguma quebrada. Colocou a faca perto do peito e se contorceu para uma posição melhor, na esperança de encerrar a luta.

— Isso foi um erro. Você é minha agora — sussurrou o vampiro em seu ouvido. — Vou me divertir com você antes de drená-la. — Ele abaixou uma das mãos até o zíper de sua calça e ela teve um momento de pânico supremo. Não havia a menor hipótese de ela deixá-lo tocá-la. O flash brilhante de fogo, seguido pelo cheiro de fumaça, distraiu o vampiro que a segurava e ela se virou, mergulhando a faca em seu peito. Os olhos dele se arregalaram em choque, antes que ele explodisse em chamas, transformando-se em cinzas um segundo depois.

Ela se virou para Mack, que suava e praguejava enquanto chutava a pilha de cinzas a seus pés. Elsie permaneceu ali, apoiando as mãos nos joelhos enquanto o rosto latejava e seu coração disparava, e ela lutava para respirar fundo. A luta não havia durado tanto tempo, mas ela sentia dor no corpo inteiro. O celular de Elsie vibrou, assustando-a. Ela o tirou do bolso, verificando a tela. Era Orlando.

Ela o abriu.

— Alô.

— Ei, El. Estava ligando para você, o que está acontecendo?

— Desculpe-me, saí com uma amiga. — Ela podia ouvir o coração martelando nos ouvidos e prendeu a respiração, esperando entender o que ele dizia. Certamente, ele não sabia que ela acabara de matar um vampiro. Elsie olhou em volta, mas não viu ninguém. Ela afastou a paranoia.

— Bem, estamos em sua casa com comédias românticas, esperando que você queira companhia. Ainda não consegui aquela pedicure. — A tensão se dissipou e ela riu, percebendo que Mack a olhava, curiosa. — Venha para casa, Zander tem mais presentes para você.

Zander? Presentes?

— Tudo bem. Estarei aí em vinte minutos.

— Do que tratava? — perguntou Mack, claramente desconfiada.

Excitada pela adrenalina e por sentimentos confusos ao saber que veria Zander de novo, ela olhou de soslaio para a amiga através do inchaço ao redor do olho.

— Era um dos detetives do caso de Dalton. Nós nos tornamos amigos, acredite ou não. Ele quer assistir a um filme. Honestamente, depois dessa luta, poderia ser bom.

— Você precisa assistir. Os policiais não sabem o que realmente existe aqui fora e iriam jogá-la na prisão por assassinato se soubessem o que acabamos de fazer. E você parece que acabou de sair de uma briga. O que vai dizer a eles?

— Sou sempre cuidadosa e pensarei em algo, Mack. Você me ensinou muito bem — lembrou ela, enquanto enlaçava o braço no de Mack e mancava de volta para o carro.

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