Um Grito De Honra

Текст
Из серии: Anel Do Feiticeiro #4
0
Отзывы
Читать фрагмент
Отметить прочитанной
Как читать книгу после покупки
Шрифт:Меньше АаБольше Аа

CAPÍTULO SEIS

Thor estava montado em seu cavalo, no topo da colina, o grupo de membros da Legião e Krohn estavam ao lado dele. Ele olhava para a visão surpreendente diante dele. Até onde a vista alcançava, era possível ver as tropas McCloud, um vasto e amplo exército, montado a cavalo, esperando por eles. Eles tinham caído em uma armadilha. Forg devia tê-los levado ali de propósito, ele os havia traído. Mas por quê?

Thor engoliu saliva, olhando para o que parecia ser sua morte certa.

Um grande grito de guerra se ouviu quando o exército McCloud de repente, investiu contra eles. Eles estavam a menos de um quilômetro de distância e aproximavam-se rapidamente. Thor olhou para trás, por cima do ombro, mas segundo ele pôde ver, não havia reforços. Eles estavam completamente sozinhos.

Thor sabia que não tinha outra escolha a não ser defender sua última posição ali, naquela pequena colina, ao lado daquela fortaleza deserta. As probabilidades eram escassas e não havia nenhuma maneira de que pudessem vencer. Mas se ele tivesse de descer a colina, ele desceria bravamente e iria enfrentar a todos como um homem. A Legião havia lhe ensinado muito. Fugir deles não era uma opção. Thor preparou-se para enfrentar sua morte.

Thor voltou-se  e olhou para o rosto de seus amigos, ele podia ver que eles também estavam pálidos de medo. Ele via a morte em seus olhos. Mas para seu crédito, eles permaneciam ali corajosamente. Nenhum deles se encolheu ou fez algum movimento para virar-se e ir embora, apesar de que seus cavalos estivessem empinando. A legião era uma unidade agora. Eles eram mais do que amigos. A Centena havia feito deles uma equipe de irmãos. Nenhum deles iria deixar o outro. Todos tinham feito um voto e sua honra estava em jogo e para a Legião, a honra era mais sagrada do que o sangue.

“Cavalheiros, eu acredito que nós temos uma batalha diante de nós.” Reece anunciou lentamente quando ele se aproximou e puxou sua espada.

Thor se abaixou e puxou a funda, querendo abater tantos homens quanto ele pudesse antes que eles os alcançassem. O’Connor sacou a lança curta, enquanto Elden erguia seu dardo; Conval levantou um martelo de arremesso e Conven uma picareta de arremesso. Os outros membros da Legião, os quais Thor não conhecia, sacaram suas espadas e levantaram seus escudos. Thor podia sentir o temor no ar e ele sentia isso também quando o tropel dos cavalos se incrementou e o som dos gritos dos McClouds chegou aos céus soando como uma trovoada, prestes a atingi-los. Thor sabia que eles precisavam de uma estratégia, mas ele não sabia qual.

Ao lado de Thor, Krohn rosnou. Thor buscou inspiração na intrepidez dele. Krohn nunca choramingou ou olhou para trás nem sequer uma vez. Na verdade, o pelo de suas costas estava eriçado e ele caminhava lentamente para a frente, como se fosse ao encontro do exército sozinho. Thor sabia que em Krohn ele tinha encontrado um verdadeiro companheiro de batalha.

“Você acha que vamos receber reforços?” O’Connor perguntou.

“Não vão chegar a tempo.” Elden respondeu. “Forg nos trouxe para uma armadilha.”

“Mas por quê?” Reece perguntou.

“Eu não sei.” Thor respondeu dando um passo à frente em seu cavalo. “Mas eu tenho o triste palpite de que tem algo a ver comigo. Acho que alguém me quer morto.”

Thor sentiu que os outros se viravam e olhavam para ele.

Por quê?” Reece perguntou.

Thor deu de ombros. Ele não sabia, mas ele tinha o palpite de que tinha a ver com todas as maquinações na Corte do Rei, algo a ver com o assassinato do Rei MacGil. Muito provavelmente, era Gareth. Talvez ele visse a Thor como uma ameaça.

Thor se sentia muito mal por ter posto em perigo os seus irmãos de armas, mas não havia nada que ele pudesse fazer a respeito disso agora. Tudo o que ele podia fazer era tentar defendê-los.

Thor já tinha aguentado o suficiente. Ele gritou, apertou seu cavalo com os calcanhares e rompeu em um galope, avançando na frente dos demais. Ele não esperaria que aquele exército fosse ao seu encontro, ele não esperaria que a morte viesse reunir-se com ele. Ele iria dar os primeiros golpes, talvez até mesmo desviá-los de alguns de seus irmãos de armas e dar-lhes uma chance de correr se eles decidissem fazer isso. Se ele estivesse indo ao encontro de seu fim, ele iria encontrá-lo sem medo, honradamente.

Tremendo por dentro, mas recusando-se a demonstrá-lo, Thor galopava cada vez mais longe dos outros, prosseguindo, descendo a colina em direção ao exército que avançava. Ao lado dele, Krohn corria, sem perder o ritmo.

Thor ouviu um grito bem atrás dele, seus companheiros da Legião corriam para alcançá-lo. Eles estavam a quase vinte metros de distância e galopavam atrás dele, lançando um grito de guerra. Thor permaneceu à frente, mas ele sentia-se bem tendo o apoio dos homens atrás dele.

Um contingente de guerreiros com cerca de cinquenta homens irrompeu do exército McCloud e avançou ao encontro de Thor. Eles agora estavam a uns cem metros à sua frente e se aproximavam rapidamente. Thor pegou sua funda, colocou uma pedra nela, mirou e atirou. Ele alvejou o líder dos guerreiros, um homem grande, com uma couraça de prata e sua pontaria foi perfeita. Ele atingiu o homem na base da garganta, entre as placas de sua armadura, o homem caiu do cavalo, atingindo o chão diante dos outros.

Quando o guerreiro caiu, seu cavalo caiu com ele e as dezenas de cavalos atrás dele se amontoaram, lançando seus soldados de cara contra o chão.

Antes que pudessem reagir, Thor colocou outra pedra na funda, se inclinou para trás e atirou. Mais uma vez, sua pontaria foi certeira e ele acertou um dos guerreiros em sua têmpora, no ponto exposto por sua viseira levantada, ele caiu de lado de seu cavalo, levando para baixo consigo vários outros guerreiros, como se todos fossem peças de um dominó.

Enquanto Thor galopava, um dardo passou voando por sua cabeça, em seguida passaram: uma lança, logo depois um martelo e uma picareta de arremesso. Thor sabia que seus irmãos da Legião o estavam apoiando. Sua pontaria era boa também e suas armas derrubavam os soldados McCloud com precisão mortal, vários deles caíam de seus cavalos e colidiam uns com os outros.

Thor estava exultante ao ver que eles já tinham conseguido derrubar dezenas de soldados McCloud, alguns deles com ataques diretos, mas a maioria estava sendo desarmada ao cair de seus cavalos. O contingente de cinquenta homens estava agora no chão, deitado em meio a grandes nuvens de poeira.

Mas o exército McCloud era forte e agora era a sua vez de revidar. Quando Thor veio a estar a cerca de trinta metros de distância dele, vários guerreiros lançaram armas em sua direção. Um martelo de arremesso vinha direto para seu rosto e Thor se abaixou no último momento, o ferro passou zunindo a apenas centímetros de sua orelha, errando por um triz. Uma lança veio voando em sua direção e ele rapidamente se abaixou esquivando-se para o outro lado, a ponta roçou a parte externa da sua armadura, felizmente falhando o alvo. Uma picareta de arremesso veio direto para seu rosto e Thor ergueu o escudo bloqueando-a. Ela ficou presa ao seu escudo, Thor girou o escudo, arrancou a picareta e atirou-a de volta em seu atacante. A pontaria de Thor era ótima, a picareta se alojou no peito do homem, perfurando sua cota de malha. O homem gritou e caiu com um gemido sobre seu cavalo, ele estava morto.

Thor prosseguiu atacando. Ele avançava agora direto para o grosso do exército, direto para um mar de soldados. Ele estava preparado para enfrentar sua morte. Ele gritou, ergueu a espada e soltou um grande grito de guerra, seus irmãos de armas, atrás dele, também fizeram o mesmo.

O encontro produziu um grande choque de armas. Um enorme guerreiro avançou para ele levantando um machado com as duas mãos e o baixou em direção à cabeça de Thor. Thor se abaixou, o balanço da lâmina passou por cima de sua cabeça e cortou o estômago do soldado quando ele passou por Thor cavalgando. O homem gritou e caiu sobre o seu cavalo. Quando ele caiu, derrubou o machado de batalha, o qual saiu voando para terminar atingindo um cavalo McCloud. O cavalo relinchou e empinou, derrubando o seu cavaleiro sobre vários outros.

Thor continuou a avançar direto para a massa de guerreiros McCloud, centenas deles, abrindo caminho através deles, enquanto um guerreiro após o outro se lançava sobre ele com suas espadas, machados e clavas. Thor bloqueava as armas com seu escudo ou se esquivava delas, cortando os golpes, abaixando-se e ziguezagueando, galopando entre eles. Ele era muito rápido, muito ágil para eles e eles não esperavam por isso. Como um grande exército, eles não podiam manobrar rápido o suficiente para poder detê-lo.

Houve um grande choque de metais ao seu redor, os golpes choviam sobre ele, provindo de todas as direções. Ele bloqueava um após o outro com seu escudo e sua espada. Mas ele não podia repelir todos eles. O golpe de uma espada roçou seu ombro e ele gritou de dor quando viu o sangue sair. Felizmente o ferimento era superficial e isso não o impediu de lutar. Ele continuou batalhando.

Thor lutava com as duas mãos e estava cercado por guerreiros McCloud, logo os golpes começaram a diminuir quando outros membros da Legião se juntaram ao bando. O ruído das armas aumentava enquanto os homens McCloud lutavam contra os rapazes da Legião, espadas batiam contra escudos, lanças atingiam cavalos, dardos perfuravam armaduras, os homens lutavam de todas as maneiras possíveis. Os gritos soavam dos dois lados.

A Legião tinha a vantagem de ser uma força de combate pequena e ágil, havia dez soldados dela no meio de um exército enorme e lento. O exército McCloud estava engarrafado e nem todos os guerreiros podiam alcançar os membros da Legião de uma só vez. Thor se viu lutando contra dois ou três homens ao mesmo tempo, mas não mais do que isso. Seus irmãos guardavam suas costas, impedindo-o de ser atacado por trás.

 

Um guerreiro pegou Thor de surpresa e balançou seu mangual direto para a cabeça dele. Krohn rosnou e atacou, ele deu um salto no ar e abocanhou o pulso do atacante, rasgando sua carne. O sangue voou por todas as partes, obrigando o soldado a mudar de direção justo antes que o mangual impactasse no crânio de Thor.

Tudo era como um confuso como um borrão enquanto Thor lutava, cortava e aparava golpes em todas as direções, usando toda a sua habilidade para defender-se; para atacar; para cuidar de seus irmãos e para cuidar de si mesmo. Ele instintivamente evocou seus intermináveis dias de treinamento, quando treinava ser atacado por todos os lados, em todas as situações. De certa forma, aquilo parecia natural para Thor. Eles o haviam treinado bem e ele sentia-se capaz de lidar com tudo. Seu medo sempre estava lá, mas ele se sentia capaz de controlá-lo.

À medida que Thor lutava, seus braços se sentiam cada vez mais pesados e seus ombros cansados. As palavras de Kolk ecoaram em seus ouvidos:

“Seu inimigo nunca vai lutar nos seus termos. Ele vai lutar nos termos dele. A guerra para você significa guerra para alguém mais.”

Thor avistou um guerreiro baixo e largo levantar uma corrente com puas com as duas mãos e balançá-la por trás da cabeça de Reece. Reece não percebeu o que estava acontecendo, em mais um momento, ele estaria morto.

Thor pulou de seu cavalo, saltou no ar diretamente sobre o guerreiro, antes que ele lançasse a corrente. Os dois saíram voando dos cavalos e caíram com força no chão, em meio a uma nuvem de poeira, Thor rolava pelo chão sufocado, enquanto os cavalos pisoteavam tudo ao seu redor. Ele lutava com o guerreiro no chão e quando o homem ergueu os polegares para arrancar os olhos de Thor, Thor de repente ouviu um grito e viu Estopheles descendo suas garras sobre os olhos do homem justo antes que ele pudesse machucar Thor. O homem gritou apertando os olhos e Thor lhe deu uma forte cotovelada derrubando o homem de cima dele.

Antes que Thor tivesse a chance de deleitar-se com sua vitória, ele sentiu um forte chute no estômago que o fez cair de costas. Ele olhou para cima para ver um guerreiro levantando um martelo de guerra com as duas mãos e baixando-o direto para seu peito.

Thor rolou para o lado e o martelo passou zunindo por ele, afundando na terra até o cabo. Ele percebeu que escapou por pouco de morrer esmagado pelo martelo.

Krohn atacou o homem, saltando para a frente e afundando suas presas no seu cotovelo. O soldado socou Krohn uma e outra vez. Mas Krohn não o soltava, ele rosnava e finalmente arrancou o braço do homem. O soldado gritou e caiu no chão.

Um soldado aproximou-se e brandiu sua espada para Krohn, mas Thor rolou com seu escudo e bloqueou o golpe, salvando a vida de Krohn. Todo o seu corpo tremeu com o som estridente do golpe. Mas, enquanto Thor estava ali ajoelhado e exposto, outro guerreiro avançou sobre ele com seu cavalo, pisoteando-o, derrubando-o de cara no chão, Thor sentia como se os cascos do cavalo estavam esmagando todos os ossos do seu corpo.

Vários soldados de McCloud saltaram e rodearam Thor, encurralando-o.

Thor percebeu que estava em uma péssima situação. Ele daria tudo para estar montado de volta em seu cavalo naquele instante. Enquanto ele estava ali no chão, com a cabeça explodindo de dor, ele viu com o canto do olho, seus outros membros da Legião lutando e perdendo terreno. Um dos rapazes da Legião o qual ele não conhecia, soltou um grito estridente e Thor viu quando uma espada perfurou seu peito e ele caiu morto.

Mais um membro desconhecido da Legião veio em seu auxílio, matando seu agressor com um golpe de sua lança. Mas, enquanto isso, um McCloud o atacou por trás e enfiou um punhal em seu pescoço. O jovem gritou e caiu de seu cavalo, já morto.

Thor se voltou e olhou para cima para ver uma meia dúzia de soldados caindo sobre ele. Um deles levantou a espada e baixou-a em direção ao seu rosto. Thor estendeu a mão e bloqueou-a com seu escudo, o barulho do golpe ressoou em seus ouvidos. Porém outro soldado levantou o pé e chutou o escudo de Thor, tirando-o de sua mão.

Um terceiro atacante pisou no pulso do Thor, prendendo-o no chão.

Um quarto atacante avançou e levantou a lança, preparando-se para perfurar o peito de Thor.

Thor ouviu um grande rosnado e viu quando Krohn pulou sobre o soldado, jogando-o para trás e prendendo-o no chão. Mas um soldado adiantou-se e golpeou Krohn com uma maça, atingindo-o com tanta força que o leopardo tombou com um ganido e caiu de costas, inerte.

Outro soldado deu um passo adiante, ficando de pé sobre Thor. Ele levantou um tridente fazendo uma careta. Desta vez não havia ninguém para detê-lo. Ele se preparou para baixar o tridente direto contra o rosto de Thor e enquanto Thor estava ali preso e indefeso, ele não podia deixar de sentir que finalmente, o seu fim havia chegado.

CAPÍTULO SETE

Gwen estava ajoelhada ao lado de Godfrey na cabana claustrofóbica. Illepra se encontrava ao seu lado. Gwen já não aguentava mais. Ela tinha estado ouvindo os gemidos de seu irmão por horas, tinha visto como o rosto de Illepra ficava cada vez mais sombrio e parecia que Godfrey realmente iria morrer. Gwen sentia-se tão impotente, simplesmente sentada ali. Ela sentia que precisava fazer alguma coisa. Qualquer coisa.

Ela estava atormentada não somente pela culpa e a preocupação com Godfrey, ela estava ainda mais preocupada por Thor. Ela não conseguia afastar de sua mente a imagem dele avançando para a batalha, prestes a morrer, sendo enviado por Gareth direto para uma armadilha. De alguma forma, ela também sentia que tinha de ajudar Thor. Ela ia enlouquecer se ficasse sentada ali.

De repente, Gwen se levantou e atravessou a cabana.

“Para onde vai?” Illepra perguntou com sua voz rouca de tantos cânticos e preces.

Gwen virou-se para ela.

“Eu volto logo.” Disse ela. “Há uma coisa que devo tentar.”

Ela abriu a porta e correu para fora, para o pôr-do-sol e piscou ao ver a paisagem diante de si: o céu estava manchado de vermelho e roxo, o segundo sol posto como uma bola verde no horizonte. Akorth e Fulton, para seu crédito, ainda estavam ali, de guarda. Eles levantaram-se e olharam para ela com preocupação em seus rostos.

“Ele vai viver?” Akorth perguntou.

“Eu não sei.” Disse Gwen. “Fiquem aqui montando guarda.”

“E para onde está indo?” Fulton perguntou.

Quando ela olhou para o céu vermelho sangue e captou uma sensação mística no ar, ela teve uma ideia: havia um homem que poderia ajudá-la.

Argon.

Se havia uma pessoa em quem Gwen podia confiar; uma pessoa que amava Thor e que havia permanecido leal ao seu pai; uma pessoa que tinha o poder de ajudá-la, de alguma forma, essa pessoa era ele.

“Preciso procurar alguém especial.” Disse ela.

Ela virou-se e correu apressada pelas planícies, traçando o seu caminho para a cabana de Argon.

Ela não tinha estado ali há anos, desde que era uma criança, mas ela lembrava que ele vivia no alto das desoladas planícies escarpadas. Ela corria e corria mal tomando o fôlego, à medida que o terreno tornava-se mais desolado, mais ventoso e a vegetação dava lugar a seixos e logo às rochas. O vento uivava e enquanto ela prosseguia a paisagem tornou-se estranha. Gwen se sentia como se estivesse andando na superfície de uma estrela.

Ela finalmente chegou à cabana de Argon e bateu à porta, totalmente sem fôlego. Não havia nenhum trinco que ela pudesse usar em nenhum lugar. Mas Gwen sabia que aquela era a casa dele.

“Argon!” Ela exclamou. “Sou eu! A filha de MacGil! Deixe-me entrar! Eu lhe ordeno!”

Ela batia e batia, mas a única resposta era o uivo do vento.

Finalmente, ela rompeu em lágrimas, exausta, sentindo-se mais impotente do que nunca. Sentia-se vazia, como se ela não tivesse mais nenhum lugar para onde ir.

À medida que o sol se punha mais profundamente no céu, seu vermelho-sangue dava lugar ao crepúsculo. Gwen virou-se e começou a caminhar de volta colina abaixo. Ela enxugava as lágrimas de seu rosto enquanto seguia desesperada para descobrir para onde iria agora.

“Por favor, pai.” Disse ela em voz alta, fechando os olhos. “Dê-me um sinal. Mostre-me aonde ir. Mostre-me o que fazer. Por favor, não deixe que o seu filho morra hoje. E, por favor, não deixe que Thor morra. Se você me ama, me responda.”

Gwen entrou em silêncio, ouvindo o vento, quando, de repente, um flash de inspiração bateu nela.

O lago. O Lago das Lamentações.

Claro. O lago era o lugar aonde todo mundo ia para orar por alguém que estava mortalmente doente. Era um pequeno lago de águas puras e cristalinas, no meio do Bosque Vermelho, cercado por árvores altas que se elevavam até o céu. Ele era considerado um lugar sagrado.

Obrigado pai, por me responder. Gwen pensou.

Ela o sentiu ali, com ela naquele momento, mais do que nunca, então começou a correr apressada em direção ao Bosque Vermelho, em direção ao lago que ouviria seus lamentos.

*

Gwen ajoelhou-se na margem do Lago das Lamentações, seus joelhos estavam apoiados na folhagem macia dos pinheiros que rodeavam a água como um anel. Ela olhava para as águas tranquilas, eram as águas mais tranquilas que ela já tinha visto, as quais espelhavam a lua crescente. Era uma lua cheia brilhante, a maior que ela já tinha visto e enquanto o segundo sol ainda estava se pondo, a lua estava subindo, lançando ambos, a luz do sol e do luar sobre o Anel. O sol e a lua se refletiam nas águas do lago, um em frente do outro e Gwen sentiu a aura sagrada daquele momento do dia. Era a janela entre o final de um dia e o início de outro e naquele momento sagrado, naquele lugar sagrado, tudo era possível.

Gwen se ajoelhou ali, chorando, rezando por tudo o que era mais sagrado. Os acontecimentos dos últimos dias tinham sido demais para ela e agora ela estava descarregando suas emoções. Ela rezava por seu irmão, porém, rezava mais ainda por Thor. Ela não podia suportar a ideia de perder ambos naquela noite, a ideia de não ter mais ninguém ao seu redor, além de Gareth. Ela não podia suportar a ideia de ser enviada para se casar com algum bárbaro. Ela sentia sua vida desmoronar ao seu redor e precisava de respostas. Mais do que tudo, ela precisava de esperança.

Havia muitas pessoas em seu reino que oravam a vários deuses: ao deus dos lagos; ao deus dos bosques; ao deus das montanhas, ou ao deus do vento, mas Gwen nunca acreditou em qualquer um deles. Ela, como Thor, era uma das poucas pessoas que ia na contramão da crença comum de seu reino, e seguia o caminho radical de crer em apenas um Deus, apenas em um ser supremo que controlava todo o universo. E foi a esse Deus a quem ela orou.

Por favor, Deus. Ela orou. Faze com que Thor retorne a mim. Permite que ele seja salvo da batalha. Permite que ele escape da emboscada. Por favor, permite que Godfrey viva. E, por favor, protege-me… Não deixe que me levem daqui, casada com um selvagem. Eu farei qualquer coisa. Apenas dá-me um sinal. Mostra-me qual é tua vontade para comigo.

Gwen ficou ajoelhada ali por muito tempo. Não se ouvia nada além do uivo do vento soprando entre os pinheiros infinitamente altos do Bosque Vermelho. Ela ouvia o ranger suave dos ramos enquanto eles balançavam acima de sua cabeça e sua folhagem caía na água.

“Cuidado com o que pede em suas orações.” Disse uma voz.

Ela virou-se vacilando e ficou chocada ao ver alguém de pé, não muito longe dela. Ela teria ficado assustada, no entanto, reconheceu a voz imediatamente, era uma voz antiga, mais velha do que as árvores, mais antiga que a própria terra e seu coração alegrou-se quando ela percebeu quem era.

Ela virou-se e o viu perto  dela, vestindo seu manto branco e capuz. Seus olhos translúcidos queimavam através dela como se ele estivesse olhando para sua própria alma. Ele segurava seu cajado, iluminado pelo pôr-do-sol e pela luz da lua.

Argon.

Ela levantou-se e o encarou.

“Eu estive a sua procura.” Disse ela. “Fui a sua cabana. Você me ouviu bater?”

“Eu ouço tudo.” Ele respondeu enigmaticamente.

Ela fez uma pausa intrigada. Ele era inexpressivo.

“Diga-me o que eu devo fazer.” Disse ela. “Eu farei qualquer coisa. Por favor, não deixe Thor morrer. Você não pode deixá-lo morrer!”

Gwen se adiantou e agarrou seu pulso, implorando. Mas quando ela o tocou, foi arrasada por um calor escaldante que percorreu seu pulso e suas mãos e ela se afastou dominada pela energia.

Argon suspirou e se virou, afastando-se dela e dando vários passos em direção ao lago. Ele ficou ali, olhando para a água, seus olhos brilhavam na luz.

 

Ela caminhou para o lado dele e ficou em silêncio, por quanto tempo ela não sabia, esperando até que ele estivesse disposto a falar.

“Não é impossível mudar o destino.” Disse ele. “Mas ele cobra um preço muito alto pelo que lhe pede. Você quer salvar uma vida. Esse é um esforço nobre. Mas você não pode salvar duas vidas. Você vai ter de escolher.”

Ele se virou e a encarou.

“Quem você quer que sobreviva esta noite Thor, ou seu irmão? Um deles deve morrer. Está escrito.”

Gwen ficou horrorizada com a pergunta.

“Que tipo de escolha é essa?” Ela perguntou. “Ao salvar um, eu condeno o outro.”

“Não.” Ele respondeu. “Ambos estão destinados a morrer. Eu sinto muito. Mas este é o destino deles.”

Gwen sentiu como se um punhal tivesse sido enfiado em seu estômago. Ambos estavam destinados a morrer? Era algo horrível demais para se imaginar. Poderia o destino ser realmente tão cruel?

“Eu não posso escolher um no lugar do outro.” Finalmente ela disse com sua voz quebrada. “Meu amor por Thor é mais forte, é claro. Mas Godfrey é carne da minha carne e sangue do meu sangue. Eu não posso tolerar a  ideia de que um deles viva graças à morte do outro. E eu não creio que nenhum deles deseje isso.”

“Então, ambos morrerão.” Argon replicou.

Gwen sentiu-se invadida pelo pânico.

“Espere!” Ela exclamou quando ele começou a se afastar.

Ele se virou e olhou para ela.

“E o que vai ser de mim?” Ela perguntou. “E se eu morresse no lugar deles? Isso seria possível? Ambos poderiam viver e eu morrer?”

Argon olhou para ela por um longo tempo, como se estivesse captando sua própria essência.

“Seu coração é puro.” Ele disse. “Você é o mais puro coração de todos os MacGils. Seu pai escolheu sabiamente. Sim, ele fez isso…”

A voz de Argon sumiu enquanto ele continuava a olhar em seus olhos. Gwen se sentia incômoda, mas não se atreveu a olhar para longe.

“Por causa de sua escolha, por causa de seu sacrifício desta noite.” Argon disse. “O destino a ouviu. Thor será salvo esta noite. E também o seu irmão. Você viverá também. Mas um pequeno pedaço de sua vida deve ser tomado. Lembre-se, há sempre um preço. Você sofrerá uma morte parcial em troca da vida de ambos.”

“O que isso significa?” Ela perguntou aterrorizada.

“Tudo tem seu preço.” Ele respondeu. “Você fez uma escolha. Você preferiria não pagar por isso?”

Gwen se preparou.

“Eu farei qualquer coisa por Thor.” Disse ela. “E por minha família.”

Argon olhava fixamente através dela.

“Thor tem um grande destino.” Disse Argon. “Mas o destino pode mudar. Nosso destino está em nossas estrelas. Mas também é controlado por Deus. Deus pode mudar o destino. Thor estava destinado a morrer esta noite. Ele vai viver só por causa de você. Você vai pagar esse preço. E o custo será alto.”

Gwen queria saber mais, então ela estendeu a mão para Argon, mas quando ela o fez, de repente, uma luz brilhante passou diante dela e Argon desapareceu.

Gwen virou-se, procurando por ele em todas as direções, mas ele estava longe de ser encontrado.

Finalmente, ela virou-se e olhou para o lago, ele estava tão sereno, era como se nada tivesse acontecido ali naquela noite. Ela viu o seu reflexo na água e ela parecia tão distante. Ela estava cheia de gratidão e finalmente, com uma sensação de paz. Mas ela também não podia evitar sentir uma sensação de temor sobre seu próprio futuro. Por mais que ela tentasse afastar esse temor de sua mente, ela não podia deixar de perguntar-se:  qual seria o preço que teria de pagar pela vida de Thor?

Купите 3 книги одновременно и выберите четвёртую в подарок!

Чтобы воспользоваться акцией, добавьте нужные книги в корзину. Сделать это можно на странице каждой книги, либо в общем списке:

  1. Нажмите на многоточие
    рядом с книгой
  2. Выберите пункт
    «Добавить в корзину»